GM 1.0 VHC e o 1.0 Zetec RoCam. Veja na matéria qual é o melhor na opinião do reparador
Para iniciarmos este comparativo,
começaremos pela ficha técnica de ambos. No caso do Ford, nos basearemos
na versão 1.0 do Zetec:
Em uma primeira análise, vemos que o VHC é mais potente que seu
oponente Zetec, mesmo tendo a mesma cilindrada (999cm³), perdendo
inclusive no torque máximo disponível. Na prática, tomando como base os
veículos Celta e Fiesta, esse desempenho é bastante sentido e o GM é bem
mais ‘espertinho’ que seu oponente. Isso também é conseguido graças à
relação curta das marchas, permitindo também que o Celta seja mais ágil
nas saídas de faróis que o Fiesta, mas o hatch da Ford se demonstra mais
gabaritado para uma rodovia, por exemplo, pois suas marchas mais longas
oferecem um melhor conforto de rodagem, mas isso ainda não reflete na
questão de economia de combustível, já que mesmo assim o VHC E se
demonstra mais econômico.
OS ENTREVISTADOS
Agora, quando pensamos no que estes motores se diferenciam
tecnicamente, nada melhor que consultarmos reparadores gabaritados e
acostumados à manutenção destes. Para tal, fomos à JR Automotiva,
empresa localizada no bairro do Capão Redondo na capital de São Paulo
(FOTO 1 - André Ferola, José Tenório da Silva Junior e Douglas Lopes de
Oliveira).
José Tenório da Silva Junior de 41 anos é profissional da área há 22
anos e, segundo ele, vive o ambiente da reparação desde criança. “Meu
pai sempre teve oficina mecânica então, mesmo não atuando na área, vivia
essa atmosfera há muito tempo. Depois meu pai me ‘nomeou’ como seu
sucessor, aí comecei a fazer alguns treinamentos técnicos com
fabricantes da área automotiva e, atualmente, estou no sexto semestre no
curso de Administração de Empresas, tudo para me aprimorar e saber como
gerir melhor o meu negócio”.
Conversamos também com André Ferola de 32 anos de idade. Com 4 anos
atuando na área, está há três na JR e disse que trabalha por paixão.
“Amo o que faço e vejo que aqui na JR há um grande diferencial perante
outras empresas no quesito procedimentos, treinamentos e postura
profissional, pelo menos é o que percebo em conversas com outros amigos
de profissão”.
E o caçula da turma, Douglas Lopes de Oliveira de 19 anos está há
pouco tempo na profissão, somente nove meses, mas vê uma grande
oportunidade profissional atuando na empresa e disse também estar certo
do que deseja para sua carreira. “Quero continuar na área, me aprimorar
cada vez mais e quem sabe no futuro evoluir aqui dentro, ter minha a
minha própria, quem sabe?”.
O DUELO
Quando falamos em reparabilidade, André diz se sentir mais
confortável com a manutenção do VHC (FOTO 2). “Há mais espaço para
trabalhar com as ferramentas, facilitando o seu manuseio. Para remover o
cabeçote, por exemplo, é bem menos trabalhoso do que no Zetec (FOTO
2A), pois no VHC a distribuição é feita por correia dentada, não
necessitando a remoção do cárter, como ocorre no Zetec, que utiliza a
corrente como distribuição”.
José também compartilha da mesma opinião que André e considera o VHC
de reparo mais simples. “Realmente, o motor VHC é mais simplório que o
Zetec RoCam. No entanto, quando pensamos em qual é o mais robusto, aí eu
já prefiro o Zetec (FOTO 3) por um simples motivo: nunca precisei fazer
reparos internos, enquanto no caso do VHC isso é muito mais frequente”.
No entanto, José comentou que retirar e fixar o tensor da correia
dentada do VHC (FOTO 4) dá trabalho. “Quando efetuamos uma intervenção
neste componente, notamos que a profundidade do local onde o parafuso é
fixado e a ferramenta se encaixa é muito rasa. Dessa forma, quando
alguns reparadores vão tentar recolocá-lo, acabam apertando torto e com
excesso de força e quando vamos removê-los, 90% estão espanados e não
saem”.
Segundo José, para evitar que isso ocorra, é necessário a utilização
de uma ferramenta específica para tal fim, além de sempre substituir o
parafuso no ato do reparo, ao invés de reaproveitá-lo. “São atitudes
como esta é que diferenciam nossa oficina de outras. Aqui na minha
empresa o cliente é quem me escolhe, mas também escolho o cliente com
que trabalho, pois não vendemos preço, mas sim qualidade no serviço”.
Outro erro comum é na montagem da junta da tampa de válvulas do VHC
(FOTO 5). “Esta possui uma posição correta de montagem, mas os
reparadores não se atentam a esta questão e a instalam do lado errado,
fazendo com que haja um grande vazamento de óleo no local. É comum
pegarmos casos deste tipo aqui na oficina”, disse Douglas.
Já no Zetec, é comum a substituição desta junta por outra do mercado
paralelo, mas esta não possui vida útil longa. “É comum ver casos em que
o reparador colocou uma junta não genuína, mas esta peça não possui a
qualidade necessária para o motor e acaba oferecendo má vedação, baixa
resistência à temperatura e pressão. Com isso, após um curto período
após a troca, já há necessidade de trocá-la novamente”, disse José.
José acrescentou ainda que, outro problema na tampa de válvulas é o
material em que esta é construída (FOTO 6). “Devido à tampa ser de
plástico, ela acaba trocando muito calor com o cabeçote e acaba não
suportando esta temperatura. No fim das contas ela geralmente acaba
empenando e precisamos trocar muitas destas peças”.
No Zetec, é importante sempre efetuar uma conferência nos cabos de
velas. “Eles ficam posicionados muito próximos ao coletor de escape e
acabam apresentando, geralmente, derretimento. Muitas vezes esse dano se
estende até às próprias cerâmicas das velas e, no ato da manutenção,
acaba sendo necessária a substituição do conjunto completo”, explicou
André.
Outro problema comum do Zetec é na válvula termostática. “No VHC, a
peça é basicamente feita de alumínio e metal e resiste mais à troca de
calor. Já no Zetec, é comum pegarmos veículos a partir dos 20.000km que
já começam a apresentar vazamento por sua carcaça. Isso ocorre porque a
peça é de plástico e com tempo acaba enpenando. Tenho uma EcoSport aqui
na oficina com o Zetec 1.6 que está apresentando este problema, mas ele
também é comum nas versões 1.0. Vale lembrar que esta peça, quando for
substituir, aconselho sempre a usar a genuína, pois as de outras
fabricantes, por experiência própria, apresentaram novos vazamentos
ainda no período de garantia. Portanto, para evitar retrabalhos, utilize
somente a original”, disse André.
Um problema frequente é com a bomba d’agua do VHC. “Em minha opinião
deveria durar muito mais, pois temos efetuado trocas nestes componentes
em veículos de baixa quilometragem. Também observo que ela acaba
apresentando maior fragilidade, pois em muitos casos em que o
profissional não segue o procedimento correto para a troca da correita
dentada, acaba não soltando a bomba d’agua, como é o procedimento
correto a se fazer e não tensionando o rolamento da correia
adequadamente. Com isso, ele acaba forçando a peça desnecessariamente”,
disse José.
Já no sistema de injeção do VHC, Douglas comentou que é bem comum
cliente reclamarem que os modelos flex apresentam dificuldade de partida
em manhãs frias. “Isso ocorre devido a uma falha na programação da ECU
(FOTO 7) na qual ela não reconhece que o motor está abaixo de uma
determinada temperatura e, para resolver este defeito, é necessário uma
reprogramação da central. O pior é que este defeito aconteceu em muitos
veículos ainda em período de garantia, mas orientávamos os cliente a ir
as concessionárias utilizarem do serviço sem custos”.
No Zetec, o atuador de marcha-lenta é o grande vilão do sistema de
injeção. “Ele carboniza demasiadamente, travando ora acelerado, ora
totalmente fechado, ocasionando trancos na desaceleração. Tudo isso faz
com que o motor não mantenha a marcha lenta, morrendo constantemente.
Inclusive este atuador é do mesmo modelo utilizado desde os motores
endura. Quando acontece dele travar, não tem o que fazer e não adianta
limpar, só sua troca soluciona o problema”, explicou José.
A sonda lambda após o catalisador também costuma travar e, segundo
André, é uma manutenção bastante frequente. “Temos efetuado muitas
intervenções neste sensor do VHC. Ela trava e para de funcionar fazendo
com que a luz “Mil” acenda no painel e que o motor perca rendimento. O
mais interessante é que este defeito ocorre sem nenhuma explicação e,
quando vamos pesquisar as causas, elas não existem. O defeito só é
solucionado quando substituímos a sonda. No caso da sonda
pré-catalisador esse defeito não ocorre”.
José comentou que, ao contrário do motor Zetec RoCam, ele precisou
efetuar vários reparos internos no motor VHC. “Observo sempre uma folga
excessiva nos cilindros e o motor começa a ‘bater saia de pistão’. Já
peguei defeitos do tipo em motores com pouquíssima quilometragem, algo
em torno de 20.000km a 30.000km. O mais interessante é que alguns
clientes meus foram reclamar nas concessionárias da GM sobre o problema e
receberam a resposta de que isso não era um defeito, mas sim uma
característica do produto, ou seja, eles fugiram do problema com uma
resposta infeliz”.
Outra característica deste motor VHC é ter uma taxa de compressão
relativamente alta e os combustíveis comercializados não oferecerem a
qualidade necessária para acompanhá-lo. “Devido a isso, é muito comum o
VHC apresentar detonação, inclusive oriento aos clientes a colocar um
pouco de etanol no momento do abastecimento para minimizar esta
detonação nos motores a gasolina”, explicou José.
Já o cabeçote, segundo José, possui também um defeito bastante comum:
desgaste nos colos do 3º e 4º cilindro do comando de válvulas. “Isso
ocorre devido a uma deficiência na lubrificação desta área, causando
danos ao mesmo e rumorosidade acentuada”, contou-nos Douglas.
José recomendou que, no caso do Zetec RoCam, é necessário ter cuidado
com o aperto do parafuso do dreno de óleo do cárter do motor, pois este
é de alumínio e em caso de sobrecarga no aperto, costuma espanar.
“Outro detalhe é que este parafuso possui um anel que deve ser
substituído a cada troca de óleo para garantir a perfeita vedação
sempre”.
PEÇAS E INFORMAÇÕES
Sobre estas questões, José disse que percebe uma melhor atenção da
GM. “Vejo que a GM está mais à frente da Ford no relacionamento direto
com os reparadores independentes, além de oferecer melhor logística na
entrega de peças em suas concessionárias. Além disso, eles
disponibilizam o site ‘Reparador Chevrolet’ que é uma ótima ferramenta
para nós. Vi que a Ford também está entrando nesse cenário agora e
espero que nossa relação com eles também seja mais próxima”.
José ainda acrescentou, dando um conselho às fabricantes. “As
montadoras demoraram a perceber que não somos inimigos, mas sim
parceiros. As concessionárias não têm condições de atender todo o
mercado, diferentemente das oficinas independentes que são milhares em
nosso país. Com uma boa parcela dos profissionais se aprimorando e com
um programa de certificação da qualidade do serviço prestado, os
clientes sairiam muito mais satisfeitos e seguros da compra que fizeram,
pois saberiam que seu carro poderia ser reparado por seu mecânico de
confiança, não somente pela concessionária no período de garantia”.
Quando o assunto é ‘peças de reposição’, O VHC oferece maior
facilidade ao reparador independente. “Tenho muito mais dificuldade em
encontrar peças no mercado independente para o Zetec do que para o VHC
e, quando encontro, as peças são de má qualidade e apresentam baixa vida
útil. Dessa maneira, eu e meu cliente ficamos ‘reféns’ das
concessionárias e acabo comprando 85% das peças com elas. O grande
problema é que elas muitas vezes não possuem os itens em estoque e,
quando têm, o prazo de entrega é longo e o custo é elevadíssimo. Já no
caso da GM, encontramos peças de boa qualidade tanto nas autopeças,
quanto nas concessionárias, exceção feita àquelas do sistema de
arrefecimento (FOTO 8) que recomendo adquirir somente as genuínas. A
nossa grande vantagem em adquirir nas concessionárias é que nelas temos
descontos por sermos cadastrados e o preço chega a ser menor do que nas
autopeças. Com isso, acabo comprando 70% na rede autorizada”, disse
José.
QUAL RECOMENDA?
José ainda acrescentou
que, se um cliente me perguntasse qual motor é melhor, ele ficaria
dividido. “Considero o Zetec mais resistente e menos suscetível à
falhas, no entanto, o VHC oferece facilidade na aquisição de peças e de
informações técnicas. Assim, se fosse colocar na balança, indicaria o
VHC.
QUEM VENCEU O DUELO?
Apesar do profissional
entrevistado considerar o VHC melhor, pois tem fácil acesso às
informações técnicas e às peças, no Fórum, o Zetec foi denominado como
menos suscetível a falhas. Na ponta do lápis, com nove votos a favor e
apenas quatro contra, o Zetec é o vencedor da disputa.
DISPUTA TAMBÉM NO FÓRUM
Fizemos a mesma pergunta para os
reparadores assíduos de nosso Fórum e, diferente do profissional
entrevistado, a grande maioria prefere o Zetec. Veja a seguir:
Usuário: andrelopesgomes
Em minha
opinião, o melhor motor é o Zetec. Além de dar menos manutenção em
função de não possuir correia sincronizadora, mas corrente de comando,
ele é bem mais durável do que um VHC. Este começa a mostrar sinais de
desgastes precoces, como folga nas saias e pinos de pistão bem antes dos
100.000 Km.
Usuário: jeronimo50
Motor Zetec, por dar menos manutenção. Já o motor VHC, com pouco tempo de uso, o eixo de comando apresenta desgaste.
Usuário: Paupitz
O motor
Zetec é muito bom. Apresenta poucas panes e de manutenção é somente
velas, cabos de velas e bobina. O motor é confiável e aconselho pra quem
precisa de um carro confiável para usar a trabalho.
Usuário: geybim
Com certeza o Zetec é melhor.
Usuário: williamsc
Gosto muito
da GM e acho que seus carros são bons, mas o motor Zetec é um caso a
parte. Este motor não tem comparação, é bom demais!
Usuário: MONTIBELLER
Prefiro o Zetec ,mais confiável e menos problemático...
Usuário: FOX9
Prefiro, para manutenção o GM VHC, pois é mais fácil de mexer e acho peças facilmente.
Usuário: O Rei do Fórum
Também fico
com o motor Zetec RoCam, contudo, lembro que o motor da GM, o VHC, tem
uma manutenção mais simples, uma manutenção modular assim como eram os
motores AP da VW, ou seja, isso facilita bastante a manutenção. Já no
Zetec é preciso desmontar quase que o motor todo pra trocar somente a
corrente de comando, incluindo o cárter, por exemplo.
Usuário: mecanicavazzoler
O Zetec sempre foi o melhor, pois o VHC costuma dar muito problema de cabeçote se você não ficar atento.
Usuário: webmecanico
Na oficina,
o motor GM para manuseio e tempo de reparo dá de 10 a 0 no Zetec, mas
na questão de durabilidade, o motor Zetec ganha. O problema dele é a
complexidade na manutenção e dificuldade para encontrar peças de
reposição, muito diferente do motor GM.
Usuário: danieleletron
Meus
amigos, com certeza para mim o melhor motor é Zetec devido a sua
resistência. Quando um carro vem para fazer manutenção, a grande maioria
das vezes é por conta da carcaça da válvula termostática e falha no
sistema de ignição, no mais, não tem um defeito crônico.
Usuário: natalito
O motor Zetec Rocam tem maior durabilidade que o motor VHC, portanto, é melhor.
Mas, do ponto de vista da oficina, o motor VHC nos dá uma rotatividade de serviços maior, e tem manutenção mais fácil.
Usuário: micael
Eu sou fã
da GM, mas o VHC exige mais cuidado no reparo. Aconselho meus clientes a
cuidar das revisões periódicas e trocas de óleo e filtros no período
correto para não serem surpreendidos.
Usuário: Alex1004
Na minha
opinião, o VHC é bem melhor. Apesar do Zetec possuir corrente de
comando, dispensando a troca de correia dentada, o problema de bobina de
ignição (mesmo as originais apresentam problemas prematuros) é
recorrente. Além das peças serem bem mais caras que as do seu
concorrente. Tanto para fazer reparo, como para possuir, prefiro o VHC.
FONTE: WWW.OFICINABRASIL.COM.BR